Pessoas de mente sã despertam-me pouco interesse

Quanto mais vivo, mais os seres humanos me parecem fascinantes, mesquinhos e quase santos, diferentemente infelizes - todos são caros ao meu coração. Parece-me que não os compreendo devidamente e minha alma é inundada por um interesse inextinguível por eles. Dos que conheci, muitos estão mortos. Receio que ninguém exista, exceto eu, que possa contar sua história, como eu gostaria de fazê-lo e não ouso. Como se tais homens nunca tivessem existido sobre a face da Terra...
As pessoas que mais admiro são as que não se realizaram totalmente, as que não são muito sábias, mas um tanto loucas, "possessas". "Pessoas de mente sã" despertam-me pouco interesse. O homem realizado, aquele que é perfeito como um guarda-chuva, não exerce qualquer atração sobre mim. Entendam-me. Sou chamada e mesmo condenada a descrevê-lo. Mas que posso dizer de um guarda-chuva, a não ser que é inteiramente inútil num dia de sol? Um homem um tanto possesso não só me é mais agradável, como também é inteiramente mais razoável e está em mais harmonia com o ritmo geral da vida, um fenômeno ainda incompreendido e fantástico, que se faz por isso, ao mesmo tempo, tão desconcertantemente interessante. (GORKI, Máximo: Duas Histórias, The Dial, set. 1927, p.197-198) "fiz adaptações de gênero".

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