Namoro, conjugalidade e coisa e tal

Artigo publicado na coluna Comportamento e Atitude, do caderno DM em Revista.
Jornal Diário da Manhã. Passo Fundo. 09 e 10 de junho de 2012.
Por: RIBEIRO, Schaiane.


Segundo canta Rita Lee, “amor é novela”. Novela? Sim, se partirmos do princípio de que em todas as novelas há casais apaixonados, casais amados, casais odiados, casais enrolados e tantos outros casais, concordamos que amor é mesmo novela.

Nesta véspera do dia dos namorados, dedico este artigo aos casais conjugais, aqueles que estão casados e que pensam que por assim estarem, o namoro acabou. Convido estes casais, a refletirem comigo, sobre o namoro. Mas o que de fato leva o ser humano buscar o namoro? Namorar é “ficar”? Namorar é algo mais sério que “ficar”? É algo menos sério que casar? O que é namorar? Amor! Uma palavra dentro do namoro. Namoro! Uma palavra que traz o amor? O que surge primeiro, o amor ou o namoro? Há quem diga, “nos apaixonamos, começamos a namorar e hoje nos amamos”. Outros: “Amei e o namoro começou, foi amor a primeira vista”.

Analisando o ato de namorar, percebe-se que o namoro surge após um pensamento (preciso ter alguém ao meu lado) que gera um sentimento (estou amando) e leva à um comportamento (namorar).

Se namorar é um comportamento, como se comportam os namorados contemporâneos? Passamos do tempo em que namorar era pegar na mão nos finais de semana no sofá de casa, hoje se namora em todos os lugares. Namoro no trabalho, namoro na faculdade, namoro na escola, namoro na balada, namoro virtual e namoro em casa. Não importa qual a forma de namoro, todas elas trazem consigo os mesmo rituais: o olhar, o olfato, a sensibilidade, o encaixe perfeito. Encaixe perfeito? Quem disse? Ah, essa visão romântica de namoro! Sim, confessemos, todos em algum momento da vida temos a visão romântica do amor, do namoro, do casamento e das relações. O fato, é que todos, independente da forma de namoro buscam no outro o ideal de conjugalidade, entretanto, aquilo que é ideal para Maria, não é para João. E o que ideal para João, não é para Maria. Mesmo assim, João e Maria buscam a mesma coisa, o amor perfeito. Decididos a amar, Maria e João planejam manter uma relação saudável e duradoura, projetam o futuro e prometem serem eternos namorados. A partir desta tomada de decisão, têm inicio o processo de envolvimento de terceiros, as famílias de origem, o meio social que cada um freqüenta, os grupos de amigos e até mesmo a vida financeira toma outros rumos. O casal de namorados passa a assumir uma relação conjugal chamada “séria”, passam então, a alterar seus status em redes sociais. Pronto, o modismo contemporâneo da internet atingiu nossos personagens. Maria e João estão “em um relacionamento sério”, em outras palavras, estão namorando.

Hum, “relacionamento sério”. Logo, pode-se pensar que o tiveram antes não foi sério? Tornou-se sério com o passar do tempo? E, se Maria e João se casarem? Mudarão seus status de “relacionamento sério” para “casados”. Logo, pode-se pensar que quem está casado não está em um relacionamento sério? Bom, penso que este pode ser tema para os próximos artigos. Voltemos às reflexões sobre o namoro.

Pensemos na intimidade do namoro (que é diferente da intimidade conjugal), embora no namoro busque-se muitas vezes, viver uma intimidade conjugal, esta inclui uma convivência (que muitas vezes não é diária) e contempla uma idealização que começará a se transformar com o passar do tempo. Casais de namorados vão ao cinema, ao teatro, a restaurantes, a shows. Casais conjugais também, mas antes pagam as contas, fazem as compras, analisam o orçamento e verificam se aquele compromisso de trabalho pode ser desmarcado, só depois vivem sua intimidade.

A sexualidade do casal de namorados também difere da sexualidade do casal conjugal. O casal de namorados fará amor de formas variadas, comprará um bom vinho e se aconchegará um no outro no inverno Riograndense. O casal conjugal também, porém, antes trabalhará o dia todo, chegará em casa, “organizará a vida” e o ato sexual será a última etapa do dia. Nossa! Pensando assim, parece que ser um casal conjugal não é bom? Não, não pense nesta pergunta. Lembre-se do artigo anterior (26 e 27 de maio) “tudo é relacional”. Mas então, o que é namoro afinal? Talvez, a busca de um casal de enamorados por transformarem-se em um casal conjugal, com todos os seus desafios, suas paixões e seu amor. A busca do amor perfeito.

Segundo o autor Sternberg (1989), o amor completo ou realizado é o que se encontra quando há a funcionalidade das três partes da pirâmide: intimidade, paixão e compromisso. Hoje este artigo da coluna Comportamento e Atitude é dedicada à todos casais conjugais, pois certamente os casais de namorados serão muito lembrados nos próximos dias. À vocês casais conjugais, feliz dia dos namorados! Namorem! Namorem! E, Namorem! Aos solteiros que lêem a coluna, lembrem-se que o desejo de amar e ser amado é algo natural, entretanto, não se deprimam no dia 12, pensem que esta data, também é uma data idealizada.

Ao citar este artigo, indique fonte.
 

Comentários